Exposição fotográfica “Fausto Giaccone. O Povo no Panteão”, organizada pelo Instituto Italiano de Cultura de Lisboa e pelo Panteão Nacional, por ocasião das Celebrações para os 50 Anos do 25 de Abril.
Inauguração: Terça-feira, 7 de maio de 2024, das 19h00 às 21h00 com a presença do fotógrafo Fausto Giaccone Panteão Nacional ENTRADA LIVRE no dia da inauguração. |
A exposição é constituída por 43 fotografias realizadas por Fausto Giaccone no mês de agosto de 1975 no Alentejo.
Extaído da introdução do diretor do IIC Lisbona, Stefano Scaramuzzino, do catálogo para a exposição:
“A exposição nasceu de uma ideia, de um desejo e de uma vontade. A ideia de deixar um testemunho tangível da exposição nascida da união de forças do nosso Instituto e do Panteão Nacional por ocasião das Comemorações do Cinquentenário do 25 de abril. O desejo de que a sua circulação rompa os limites temporais desta efeméride e amplie a sua mensagem. A vontade de renovar a adesão das nossas instituições aos valores do 25 de abril, italiano e português.
Embora os acontecimentos retratados pela objetiva do fotógrafo tenham ocorrido 15 meses após a Revolução dos Cravos, entendemos o 25 de abril no seu sentido dilatado, que vai até ao outono de 1975, considerando a ocupação das terras alentejanas no verão desse ano como uma natural consequência da afirmação das exigências democráticas de igualdade formal e substancial, que estava na base do golpe dos Capitães e das constituições italiana e portuguesa.
Acontecimentos entrelaçados e paralelos, unidos pela euforia, pela organização, pela desilusão e, finalmente, pela “ressaca”, mas destinados a oferecer um exemplo duradouro com a demonstração de que a utopia era possível, suscitando o interesse mundial pelo sucedimento mais importante dos últimos anos (como o definiu Jean-Paul Sartre) e exercendo uma atração particular sobre os intelectuais italianos, incluindo Fausto Giaccone.
Os rostos, as massas e as paisagens retratados pela sua objetiva implicavam a ideia de que todas as relações económicas e de poder, por mais seculares que sejam, são um facto humano que pode ser modificado pelo homem. A sua publicação e difusão, hoje como ontem, toca as cordas de Itália porque nelas nos espelhamos, reconhecendo a nossa história cultural e política: o ecossistema de uma Sardenha que já não existe, o alento ideal de Carlo Pisacane e dos Irmãos Bandiera, um final feliz para o conto Libertà de Giovanni Verga e para o massacre de Portella della Ginestra, o desejo sonhado no final do Calderón de Pasolini, os enredos surpreendentes de La Storia de Elsa Morante.
É por isso que acreditamos firmemente neste projeto e na sua capacidade de deixar um marco, aprofundando os laços luso-italianos, em continuidade e coerência com a programação antiga e recente do Instituto. Por um lado, já em 1988 as instalações da nossa sede acolheram a exposição Fausto Giaccone, graças à intuição de Antonio Tabucchi, que escreveu a introdução ao volume Una História Portuguesa. Por outro lado, no momento em que escrevo, a exposição produzida pelo nosso Instituto sobre o fotógrafo Uliano Lucas, que também esteve em Portugal nos dias cruciais da Revolução e da luta de libertação na Guiné-Bissau e em Angola, está a partir rumo ao Brasil, depois de duas exposições bem sucedidas no Museu do Aljube, em Lisboa, e no Convento de São Francisco, em Coimbra.
O desejo é que depois da exposição no Panteão Nacional, não lugar de morte, mas de renascimento luminoso, o percurso de Fausto Giaccone e da sua mostra encontre uma continuação natural no regresso às terras onde tudo começou, cujos municípios, não por acaso, aceitaram colaborar na realização deste catálogo: obrigado às vilas de Coruche e de Couço e à cidade de Montemor-o-Novo, e obrigado ao Panteão e ao seu diretor Santiago Macias pela partilha enérgica deste projeto, deste sonho, desta utopia.”