Espetáculo “Crisi di nervi. Tre atti unici di Anton Čechov”, encenação de PETER STEIN

Após o fracasso das suas duas primeiras peças, o jovem Tchekhov jurou nunca mais escrever para o teatro dramático e decidiu dedicar-se exclusivamente ao vaudeville. Assim, surgiu uma série de peças de um só ato, cheias de sarcasmo, comédia paradoxal, absurdo extravagante e louca crueldade, que por sua vez se tornaram terreno fértil para a experiência e preparação das grandes obras da maturidade do autor.
Nas três obras exemplares que apresentamos, as personagens, sucessivamente, têm ataques de nervos, adoecem, são vítimas de ataques histéricos ou discutem constantemente entre si.
Em O Urso, o protagonista quase morre de raiva, por causa de uma dívida não paga por uma mulher, que chega a desafiar para um duelo, para acabar de joelhos a pedir-lhe para ser sua mulher.
Em Os Malefícios do Tabaco, um suposto orador tem de dar uma palestra sobre os efeitos negativos do tabaco, mas, entre espirros e ataques de asma, acaba por confessar que quer acabar com a vida desastrosa que leva como marido da sua mulher.
Em O pedido de casamento, o noivo, devido à timidez e a outras dificuldades físicas, não consegue fazer a pergunta fatídica à noiva, chegando a discutir com ela, que por sua vez lhe responde com uma cara amarga e é vítima de um ataque histérico quando cai inconsciente por hipocondria.
A comicidade extrema, a exasperação e os excessos de crueldade utilizados pelo autor só podem funcionar se acompanhados de um fundo realista e psicologicamente justificado. No entanto, estas continuam a ser obras de Tchekhov. São estes os pressupostos com que os actores tiveram de trabalhar. Esperemos ter conseguido fazê-lo com sucesso.
Peter Stein

A empresa Tieffe Teatro, a mais antiga estrutura com atividade contínua a operar em Milão depois do Piccolo Teatro, gere desde 2010 o Teatro Menotti, um espaço já “histórico” no mapa cultural da cidade.
A Cooperativa Compagnia Stabile del Teatro Filodrammatici foi criada em 1969 por antigos alunos da Accademia dei Filodrammatici para gerir o teatro com o mesmo nome. O teatro foi gerido até 2008 durante 38 temporadas consecutivas. A companhia especializou-se desde logo na inovação teatral e na procura de novas dramaturgias e obteve o reconhecimento público do Ministério da Cultura em meados da década de 1970.
A partir da década de 2000, sob a direção artística de Emilio Russo, adquiriu um grande impacto na cena nacional e internacional, e as suas temporadas teatrais foram enriquecidas com importantes colaborações e projetos ambiciosos e apreciados que premiaram a estrutura com o reconhecimento do Ministério em 2003 como Teatro Stabile di Innovazione.
Em 2008, a estrutura mudou o seu nome para TieffeTeatro Milano Impresa Sociale e, em 2010, adquiriu novas instalações no antigo Teatro dell’Elfo, na Via Menotti, em Milão, que passou a chamar-se Teatro Menotti.
As produções do Teatro Menotti são encenadas em todos os principais teatros nacionais e foram convidadas para os principais festivais italianos (Spoleto, Mittelfest, Benevento, AstiTeatro, Festival de Ravenna, Caserta, Palermo, NapoliTeatroFestival) e mundiais (Lincoln Festival, Holland Festival, Festival d’Automne, Festival de Teatro de Almada).